Cura através da dor

Amor próprio surge de resolvermos nossas dificuldades, de cuidar de nós, tendo ou não pessoas que nos ajudem. Amor próprio é sobre autoconhecimento, entender limites, fazer escolhas. Abandonar o que gera a dor é uma RESPONSABILIDADE de quem é oprimido.

Não estou dizendo que isso é fácil, que não exista diversas barreiras, questões de ambiente e rede de apoio. Todo mundo tem direito de decidir pelo que quer, mas é bom saber que não conquistamos nada só. Precisamos de apoio, de trocas, criar relações para que o ambiente sonhado seja real.

Durante muito tempo, fazendo terapia, escutei “se afaste de tudo que te faz mal” e não foi uma das melhores ideias. Esse processo começou bem antes da pandemia, antes do tema racismo se tornar pauta pra diálogo. Há uns 20 anos, esse meu processo começou e foi uma tirada de tapete total. Eu vivia em um ambiente religioso, quando me afastei fui rotulada de “desviada”, alguém que abandonou a fé. O que não era real. Mesmo seu eu quisesse me afastar de Deus, Ele é Onipresente, isso é impossível. Nem foi o que eu fiz.

Todo esse tempo afastada de pessoas religiosas, Deus sempre me deu livramentos e me dá suporte, inteligência pra diferenciar loucura do que realmente são sinais Dele. Sou feliz por ser uma pessoa que conseguiu manter o equilíbrio, o mínimo da minha sanidade, mesmo quando parecia que ninguém me entendia. Aos poucos fui encontrando minha essência e continuo seguindo minha intuição.

Falando em esssência, o essencial para mim é ter onde morar, cuidar do meu gatinho @lordzappaz. Trabalhar com o que gosto, tecnologia ancestrais.

O que são tecnologias ancestrais? Gosto de partir do ponto que o nosso corpo é uma tecnologia, cuidar do corpo e tudo que nos liga a qualidade dele é essencial. Dormir e comer bem, ter direito a lazer, praticar exercícios físicos. Movimentar o corpo e honrar os aprendizados que tive com a minha tia e a minha avó. Crochetar, costurar, cozinhar são atividades que mexem com meu humor, minha mente, me faz ficar mais perto delas. Já que elas já partiram desse plano.

Nossa história só existe porque pessoas antes de nós fizeram isso possível. Honrá-las é manter a essência da minha vida, da minha história. Parte da dor que me fizeram passar, das dores que os desafios da vida me oferecem só se superam com meu desenvolvimento.

Já que não sou rica para comprar uma viagem para um lugar distante e sumir no mundo… rs… tenho que fazer o meu impossível para ter o meu canto de paz. E só o fazer manual me ajudou a me curar, a refazer meu chão material e espiritualmente.

O artesanato pra mim é uma terapia, uma forma de empoderamento e de empreender. A cada peça que confecciono é sobre um processo de transformação e de provar que sou capaz.

Capaz de criar a minha realidade, de gerar força em mim, de me valorizar, de oferecer valor para outras pessoas e de gerar a renda pra que eu tenha meu sustento. Essa semana comecei a vender kimono, minha primeira peça para venda dos meus aprendizados com a costura.

Tive uma encomenda de mandala também…

Minha cura é um processo gradativo, de criar rotina pra me cuidar, pra ocupar meu tempo e minha mente com conteúdos e atividades que me façam evoluir.

Tem muito choro, tem muitas reflexões e aprendizados… vou compartilhando aos poucos, conforme crio meus dias e tudo faça sentido ao coletivo.

Ubuntu – eu sou porque nós somos!

Boa semana!

Beijos de luz, Michelle Cruz

(Se a luz não iluminar seu caminho que, pelo menos, fulmine as ideias ruins)

2 comentários sobre “Cura através da dor

  1. Oi, Mi!
    Seu texto foi bem-vindo hoje – um dia dolorido.

    Aos poucos a gente vai encontrando o caminho, né? Eu gosto dessa ideia de que o corpo é uma tecnologia ancestral (não uma máquina pura e simplesmente).
    Que a gente consiga mostrar a nossa essência e ocupar os espaços que nos faz bem.

    Um beijo :*

    Curtir

Deixe um comentário